"Ora o homem só será perfeito quando for capaz de criar e destruir como Deus. Já sabe destruir, tem meio caminho andado." Alexandre Dumas in "O Conde de Monte-Cristo".
sábado, 17 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
Os Verdadeiros Adversários
"Só tenho dois adversários; não direi dois vencedores, porque com persistência submeto-os: são a distância e o tempo. O terceiro, e o mais terrível, é a minha condição de homem mortal. É a única coisa que me pode deter no caminho que sigo e antes de atingir o alvo que busco; tudo o mais está previsto. Aquilo a que os homens chamam os caprichos do destino, isto é, a ruína, a mudança, as eventualidades, tenho-os todos previstos, e se alguns podem me atingir, nenhum pode me derrubar. A não ser que morra, serei sempre o que sou. " Alexandre Dumas in "O Conde de Monte-Cristo"
domingo, 4 de setembro de 2011
Fantasmas
"Ora eu gosto de fantasmas.Talvez porque nunca ouvi dizer que os mortos tenham feito tanto mal em seis mil anos como os vivos fazem num dia." Alexandre Dumas in "O Conde de Monte-Cristo".
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Here's to the crazy ones
"Here's to the crazy ones."
"Here's to the crazy ones. The misfits. The rebels. The troublemakers. The round pegs in the square holes. The ones who see things differently. They're not fond of rules. And they have no respect for the status quo. You can quote them, disagree with them, glorify or vilify them. About the only thing you can't do is ignore them. Because they change things. They push the human race forward. And while some may see them as the crazy ones, we see genius. Because the people who are crazy enough to think they can change the world, are the ones who do."
domingo, 21 de agosto de 2011
A importância do caos
Os momentos de crise são a lanterna na qual tropeçamos e que, a partir desse momento, nos ilumina o tortuoso caminho que desde há muito percorremos, envoltos na escuridão, possibilitando-nos identificar e evitar os buracos que tantas vezes nos fizeram cair e, aos poucos, nos foram rasgando a roupa e ferindo.
Johann Pachelbel contemporâneo
Música Canon de Johann Pachelbel tocada numa...guitarra! Vale a pena ver (e ouvir).
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A vida segundo Dino Buzzati
Deixo-vos um excerto de uma das maiores obras da literatura moderna - O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati.
Sem dúvida alguma, uma genial perspectivação da vida.
Estendido na cama estreita, fora do halo de luz do candeeiro a petróleo, enquanto fantasiava sobre a sua vida, Giovanni Drogo foi inesperadamente dominado pelo sono. E contudo, justamente naquela noite – oh, se tivesse sabido talvez não tivesse tido vontade de dormir – justamente naquela noite principiava para ele a irremediável fuga do tempo.
Até então avançara pela despreocupada idade da primeira juventude, uma estrada que em crianças nos parece infinita, em que os anos passam devagar e com passos suaves, de modo que ninguém se apercebe da sua passagem. Caminha-se tranquilamente, olhando em redor com curiosidade, não é preciso ter pressa, ninguém atrás nos urge e ninguém nos espera, e também os nossos companheiros avançam sem preocupações, detendo-se amiúde para brincar. Das casas, às portas, a gente crescida saúda-nos benevolente e faz-nos sinal indicando o horizonte com sorrisos cúmplices; o coração começa assim a bater de desejos heróicos e ternos, saboreia-se a expectativa das coisas maravilhosas que nos aguardam mais adiante; não, ainda não se vêem, mas é certo, é absolutamente certo que um dia lá chegaremos.
Até então avançara pela despreocupada idade da primeira juventude, uma estrada que em crianças nos parece infinita, em que os anos passam devagar e com passos suaves, de modo que ninguém se apercebe da sua passagem. Caminha-se tranquilamente, olhando em redor com curiosidade, não é preciso ter pressa, ninguém atrás nos urge e ninguém nos espera, e também os nossos companheiros avançam sem preocupações, detendo-se amiúde para brincar. Das casas, às portas, a gente crescida saúda-nos benevolente e faz-nos sinal indicando o horizonte com sorrisos cúmplices; o coração começa assim a bater de desejos heróicos e ternos, saboreia-se a expectativa das coisas maravilhosas que nos aguardam mais adiante; não, ainda não se vêem, mas é certo, é absolutamente certo que um dia lá chegaremos.
Falta muito ainda? Não, basta atravessar aquele rio lá ao fundo, ultrapassar aquelas colinas verdes. Ou será que já chegámos? Não serão estas árvores, estes prados, esta casa branca, aquilo que procurávamos? Por alguns instantes temos a impressão de que sim e gostaríamos de ficar por ali. Depois ouvimos dizer que o melhor está mais adiante e fazemo-nos de novo à estrada sem esforço.
E assim se prossegue caminho numa espera confiante, e os dias são longos e tranquilos, o Sol brilha alto no céu e parece nunca ter vontade de chegar ao ocaso. Mas a certa altura, quase instintivamente, voltamo-nos para trás e vemos que uma cancela se fechou nas nossas costas, obstruindo-nos a via do regresso. Então sentimos que algo mudou, o Sol já não parece imóvel, desloca-se rapidamente, ai de nós, nem temos tempo de o fixar pois já se precipita no confim do horizonte; apercebemo-nos de que as nuvens já não ficam estagnadas nos golfos azuis do céu, fogem encavalitando-se umas nas outras, tal é a sua urgência; percebemos que o tempo passa e que também a estrada um dia deverá terminar.
A certa altura encerram atrás de nós um pesado cancelo, fecham-no com a velocidade de um raio, não nos dando tempo para voltar para trás. Mas Giovanni Drogo naquele momento dormia, alheado, e sorria no sono como fazem as crianças.
Passarão dias antes que Drogo perceba o que aconteceu. Então, será como um despertar. Olhará em redor, incrédulo; depois sentirá um rumor de passos que se aproximam atrás de si, e verá os que despertaram primeiro que ele correndo ofegantes e ultrapassando-o para chegar cedo. Sentirá o pulsar do tempo a marcar avidamente o compasso da vida. Às janelas já não se assomarão figuras risonhas, apenas rostos frios e indiferentes. E se ele perguntar se ainda falta muito para chegar, também estes farão um gesto a indicar o horizonte, mas desprovido de bondade e alegria. Entretanto perderá de vista os companheiros, um porque ficou para trás, exausto, outro porque se adiantou, fugindo, e agora não é mais do que um ponto minúsculo no horizonte.
Para lá daquele rio – dirão as pessoas – mais dez quilómetros e já chegaste. Mas a verdade é que nunca mais – os dias tornam-se cada vez mais pequenos, os companheiros de viagem cada vez mais raros, e às janelas vêem-se apáticas figuras pálidas que abanam a cabeça.
Até que Drogo ficará completamente só e no horizonte surgirá a faixa de um mar desmedido e imóvel, cor de chumbo. Então já estará cansado, as casas que ladeiam o caminho terão quase todas as janelas fechadas, e as raras pessoas visíveis responder-lhe-ão com um gesto desconsolado: o bom estava lá atrás, muito atrás, e ele passou-lhe diante sem se aperceber. Oh, agora é demasiado tarde para retroceder, atrás dele não pára de crescer o fragor da multidão que o segue, impelida pela mesma ilusão, mas ainda invisível na branca estrada deserta.
Dino Buzzati em O Deserto dos Tártaros
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Menos lucro, não!
"Nenhuma farmácia hospitalar ou de oficina em Portugal aderiu à venda de medicamentos em unidose, seis meses após a entrada em vigor da lei, disse à Lusa a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed)" (Público).
Claro que não... Nada como manter a actual situação em que as pessoas são obrigadas a comprar, na maioria das vezes, mais medicamentos do que aqueles que realmente necessitam.
O bastonário da ordem dos Farmecêuticos, Maurício Barbosa, desculpa a não adesão do sector à venda de medicamentos em "unidose" com o facto de isso "implicar uma mudança "drástica" em todo o circuito" (Público).
E agora pergunto a este ilustre senhor:
Se tal mudança significasse maiores lucros, seriam apresentadas as mesmas reticências relativamente à mesma?
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Precisa-se de matéria-prima para construir um país
Autor: Eduardo Prado Coelho
"A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos… e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é ‘muito chato ter que ler’) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser ‘compradas’, sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como ‘matéria prima’ de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa ‘CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA’ congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates,
é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte…
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada…
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa ‘outra coisa’ não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados… igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começaa ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda…
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro… Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?… MEDITE !"
Eduardo Prado Coelho
Fonte: Aventar
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Ética e responsabilidade social organizacional na suposta era do ser
Sou licenciado em Gestão de Recursos Humanos. Mais um a encher o saco dos desempregados.
Ao longo do meu curso foram-me dados a conhecer diversos conceitos, de entre os quais destaco o de "era do ser" e o de "ética e responsabilidade social organizacional", por serem estes, essencialmente, os que motivaram esta pequena reflexão.
Perante o contexto em que actualmente vivemos, de uma forma quase instintiva, quase reflexa, concluo o seguinte: os supra referidos conceitos andam de mãos dadas com a retórica, com a demagogia. São matéria para encher páginas de revistas e livros pouco ou nada pragmáticos. São conteúdos somente destinados a fazer engordar cursos e cadeiras magras. São politiquisses fora do seu habitat natural.
"Era do ser"? A era em que os recursos humanos são valorizados como sendo activo organizacional mais valioso? Será mesmo essa a nossa era? Na minha opinião, não, ela ainda está para vir. E não antes do próximo milénio... Para já, contentemo-nos com a "era do eu". A era caracterísitica de quem só sabe olhar para o próprio umbigo. A era a que nos prende a nossa natureza humana. A era em que sempre, desde sempre, vivemos. A diferença é que, antigamente, eramos mais descarados, mais naturais. Hoje, disfarçamos. Continuamos a viver essa era, mas de uma forma hipócrita, escondendo uns dos outros aquilo que quase todos temos em maior ou menor grau: o egoísmo.
"Ética e responsabilidade social organizacional"? É bonita e existe, no papel... De forma involuntária... Desde que isso não signifique perda de lucros... Quando coincide com a satisfação das necessidades de quem dirige as organizações! Primeiro, a responsabilidade pessoal (do empresário). Só depois, esse conceito da moda: a famigerada responsabilidade social.
E àqueles que não concordam comigo, pergunto o seguinte: é no quadro da dita "era do ser" que, as empresas, mal começam a ver o lucro reduzido (diferente de prejuizo), desatam a despedir trabalhadores, não evidenciando o minimo de consideração por um contributo, muitas das vezes, de vários anos? É no contexto dessa era que se continuam a verificar realidades caracterísiticas dos primórdios da industrialização, como por exemplo, o despedimento de trabalhadores para, posteriormente, serem recontratados, como forma de limitar os deveres e obrigações patronais? É segundo princípios de ética e responsabilidade social que as instituições bancárias, de uma forma fria, teimam em aliciar e conceder créditos, por muito que isso prejudique a qualidade de vida de quem os subscreve e suas famílias?
Onde está a valorização do "activo organizacional mais valioso"? Onde se esconde o respeito pelo ser humano e a preocupação empresarial com as comunidades? Ah, já sei! Na admissão de recém-licenciados para estágios curriculares, de forma sucessiva, gratuita, sem qualquer perspectiva de integração, para desempenhar funções de alguém que, caso a lei não permitisse tais abusos, teria de ser remunerado, mas que possibilita ao recém-licenciado uma "aprendizagem em contexto real de trabalho"... Pois.. Que seria dos recém-licenciados sem estas empresas que se preocupam com a sua aprendizagem? Certamente, estariam condenados à ignorância e à incompetência...
É com alguma dor que faço estas constatações. E a crise tem costas tão largas...
Peço desculpa se fui injusto. Reconheço que possam existir excepções. Existem sempre excepções e todas elas confirmam a regra.
domingo, 15 de novembro de 2009
Christian, the lion
Vídeo impressionante que espelha o poder do amor.
É verdadeiramente incrível como o amor consegue ofuscar os instintos selvagens de um animal.
De facto, a natureza não consegue deixar de nos supreender...
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Steve Jobs: o "patrão da década"
"A revista Fortune nomeou o líder da Apple, Steve Jobs, como "patrão da década", por ter "mudado o negócio em pelo menos três mercados" e por multiplicar por mais de dez o valor da empresa da qual foi co-fundador" (AFP, Publico.pt, 6 de Novembro de 2009).
Ver notícia completa aqui.
Robert Galbraith/Reuters
Palmas para Steve Jobs! Na minha opinião, esta nomeação configura o justo reconhecimento de uma personalidade que já tem o seu nome gravado nas páginas da História. Mais uma vitória de alguém que tem em mim um fã, não somente pela sua competência e desemepenho no mundo dos negócios, mas também por aquilo que esta ilustre personalidade me tem dado a entender de si como pessoa. Querem partilhar da minha opinião? Vejam o seguinte vídeo: "Steve Jobs Stanford speech" .
terça-feira, 21 de abril de 2009
O que se quer (Miguel Esteves Cardoso)
Mais uma crónica simplesmente divinal, fantástica, de um autor que dispensa qualquer apresentação.
«O que se quer»
Em segundo lugar, ter também não é tão bom como se diz. Ter alguém ocupa um espaço vital que às vezes é mais bonito deixar vazio. (...)
«O que se quer»
«Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. Querer é sempre a humilhação sublime de quem quer. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos outra pessoa, menos nos queremos a nós...
Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. Na frase felicíssima que os Portugueses usam, "o que tem de ser tem muita força". Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria. Seria bom poder ter o que se deseja, mas o que se deseja não dá vontade de reter, se calhar porque são muitas as coisas que se desejam e não se pode ter todas ao mesmo tempo.
Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não. Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.
O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta. Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. Ter, isto é, conseguir mesmo o que se quer é mais difícil. E reter o que se tem, guardando-o e continuando a querê-lo, tanto como se quis antes de se ter, é quase impossível. Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento em que se tem. O que é?
"Cada pessoa, - dizia Oscar Wilde, - acaba por matar a coisa que ama". Mata-a, se calhar, quando sente que a tem completamente. (...)
A verdade, triste, é que uma pessoa completa, a quem não falta nada, não é capaz de querer outra pessoa como deve ser. No momento em que se sente que tem o que quer, foi-lhe devolvida a parte que lhe fazia falta e passou a ter tudo em casa outra vez. Fica peneirenta, sente-se gente outra vez. É feliz, está satisfeita e deixou de ser inferior à sua maior necessidade. O ter destrói aquilo que o querer tinha de bonito. Uma necessidade ocupa mais o coração, durante mais tempo, que uma satisfação. Querer concentra a alma no que se quer, mas ter distrai-a. Nomeadamente, para outras coisas e outras pessoas que não se têm. (...)
É bom que se continue a julgar que aquilo de que se precisa é exterior a nós. Só quem está voltado sobre si, piscando o olho ao umbigo, pode achar que tem tudo o que precisa. (...)
Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm. Trocavam-se todas as namoradas, ou todos os namorados, que já se namoraram, pelo namoro de uma única pessoa que se quer namorar. É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza. Quem aceitaria que um novo amor significasse apenas parte de uma vida? Não sendo a vida inteira, não sendo tudo o que importa, numa dada altura, num dado estado do coração, porque nos havíamos de ralar? (...)
O querer é bonito porque, concentrando-se na coisa ou na pessoa que se quer, elimina o resto do mundo. O resto do mundo é uma entidade muito grande que tem graça e tem valor eliminar. Querer um homem em vez de todos os outros homens, uma mulher em vez de todas as outras mulheres é fazer a escolha mais impossível e bela. Acho que se pode ter tudo o que se quer de muitas pessoas ao mesmo tempo, mas que não se pode querer senão uma pessoa. Ter todas as pessoas não chega para nos satisfazer, mas basta querer só uma, e não a ter, para nos insatisfazer. É por isso que se tem de dar valor à vontade. Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa? Eu não sei.
Como raramente temos o que queremos ter ou queremos bem ao que temos, é boa ideia dar uma ideia da atitude que se pretende. Em primeiro lugar, convém mentalizarmo-nos que querer é desejável só por si, pelo que querer significa. Quem tem tudo e não quer nada é como quem é amado por todos sem ser capaz de amar ninguém. Dizer e sentir "eu quero" é reconhecer, da maneira mais forte que pode haver, a existência de outra pessoa e de nós. Eu quero, logo existes. Eu quero-te, logo existo.
Em segundo lugar, ter também não é tão bom como se diz. Ter alguém ocupa um espaço vital que às vezes é mais bonito deixar vazio. (...)
Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que não se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ser tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse (Miguel Esteves Cardoso)."
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Carta Testamento de Getúlio Vargas
A Carta Testamento de Getúlio Vargas, datada de 24 de Agosto de 1954, é um documento dirigido ao povo brasileiro e escrito por Getúlio Vargas horas antes de cometer o suicídio.
Getúlio Dorneles Vargas
"Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História." (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)
Fonte: (Culturabrasil)
Fotografia: (Wikipédia)
domingo, 19 de abril de 2009
Elogio ao amor puro (Miguel Esteves Cardoso)
"Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também" (Miguel Esteves Cardoso).
sábado, 18 de abril de 2009
Arrepiante!
"Paul Potts (Bristol, 1971), residente no sul do País de Gales, foi o vencedor da primeira série do concurso de talentos artísticos Britain's Got Talent, transmitido pela ITV, onde cantou uma ária de ópera surpreendendo o júri e a plateia com um timbre vocal excepcional. Potts tinha trabalhado em ópera amadora de 1999 a 2003, mas um acidente em 2003 colocou-lhe um fim súbito[1]. Ao obter a vitória foi-lhe concedida a gravação de um álbum pelo produtor Simon Cowell" (Wikipédia).
Simplesmente arrepiante!
Simplesmente arrepiante!
sexta-feira, 10 de abril de 2009
A razão é o maior inimigo que a fé tem?
Este artigo surge no seguimento do post Convite à irracionalidade.
Nesse post , é mostrada a fotografia de um sinal religioso com a seguinte inscrição: A razão é o maior inimigo que a fé tem.
Nesse post , é mostrada a fotografia de um sinal religioso com a seguinte inscrição: A razão é o maior inimigo que a fé tem.
O tom irónico da publicação Convite à irracionalidade, tendo como objectivo provocar a mente do leitor e, consequentemente, desplotar o debate, não traduz, pelo menos de uma forma clara, o meu posicionamento relativamente ao pensamento constante no sinal religioso em questão. Nesse contexto, e tendo em conta que talvez possa ter sido mal interpretado por alguns, considero da máxima pertinência efectuar a clarificação do meu ponto de vista.
Muitos são aqueles que defendem ser a razão o maior inimigo da fé. Uns fazem-no directamente e de uma forma consciente, outros fazem-no indirectamente, sem se aperceberem, através de ditos, actos, práticas, posturas.
A razão é o maior inimigo que a fé tem? Não me parece!
Uma coisa é dizer que a compreensão de Deus exclui a aplicação de princípios racionais, perspectiva que, sem dúvida alguma, me parece bastante sensata. Outra será remeter para a escolha perigosa entre fé e razão, coisa que não é, de forma alguma, razoável! Por exemplo, eu acredito em Deus porque Ele surge-me como a mais plausível de todas as explicações para coisas tão complexas e tão perfeitas como o Universo, a Natureza, a racionalidade humana. Neste contexto, a minha fé apoia-se na minha razão. É ela que me convida a excluir o acaso e a acreditar em Deus.
A razão não poderá, nunca, ser considerada o maior inimigo da fé! Proferir palavras nesse sentido é algo demasiado forte, demasiado absoluto, demasiado errado, e que remete para uma cegueira insalubre, nociva e nefasta para a sociedade - é bom não esquecer que uma vez cegos, as probabilidades de voltarmos a ver tocam a nulidade. Para sustentar a tese que defendo, convido-vos a reflectir sobre o que poderá ter originado a Inquisição, as Cruzadas ou, na actualidade, sobre o que conduz ao fundamentalismo islâmico.
A razão deverá ser sempre a muleta da fé. Só assim conseguiremos ser tolerantes para com as outras opções religiosas, só assim evitaremos ditos como o preservativo agrava o problema da SIDA, só assim seremos totalmente coerentes ao criticar os fundamentalismos islâmicos.
Concluindo, não pretendendo ser concludente, a fé não deverá excluir a razão. Defender o contrário é sinónimo de falta de informação, de conservadorismo que cega, de pouca ou nenhuma aprendizagem e evolução humana, o que acaba por nos remeter para o questionamento da utilidade da História enquanto ciência - que, supostamente, nos permite conhecer os erros cometidos no passado e, através desse conhecimento, evitar que sejam cometidos no presente.
sábado, 4 de abril de 2009
Convite à irracionalidade
Segue-se a fotografia de um sinal religioso da Igreja Batista, tirada no Estado do Arkansas (EUA). Nesse sinal, é feito um convite à irracionalidade através do segunte pensamento: "A razão é o maior inimigo que a fé tem".
Raciocinar ou crer, eis a questão!?
Raciocinar ou crer, eis a questão!?
Fonte: Pharyngula
Nota: O objectivo deste post é conduzir à reflexão. Qualquer semelhança com uma promoção ao cepticismo ou com um ataque religioso é pura coincidência.
Nota: O objectivo deste post é conduzir à reflexão. Qualquer semelhança com uma promoção ao cepticismo ou com um ataque religioso é pura coincidência.
domingo, 29 de março de 2009
Steve Jobs Stanford speech
"Steven Paul Jobs, mais conhecido como Steve Jobs (San Francisco, 24 de fevereiro de 1955) é um empresário estado-unidense co-fundador das empresas de informática Apple Inc, da NeXT e do estúdio Pixar. Criou alta notoriedade em torno de seu nome por levar a cabo uma política industrial que valoriza a inovação e o design de seus produtos" (Wikipédia).
Nos dois vídeos que se seguem, pode ser visto o discurso de Steve Jobs aos alunos da universidade de Stanford (2005), discurso esse em que nos conta resumidamente a história da sua vida, e de onde poderão ser retiradas importantes "lições".
Um excelente discurso, uma história inspiradora, motivante, capaz de fazer sonhar. Steve Jobs é, sem dúvida alguma, um exemplo a seguir.
Nos dois vídeos que se seguem, pode ser visto o discurso de Steve Jobs aos alunos da universidade de Stanford (2005), discurso esse em que nos conta resumidamente a história da sua vida, e de onde poderão ser retiradas importantes "lições".
Um excelente discurso, uma história inspiradora, motivante, capaz de fazer sonhar. Steve Jobs é, sem dúvida alguma, um exemplo a seguir.
E não se esqueça, "Stay hungry, stay foolish"! Tenha sempre "fome", não se contente com pouco! Tenha sempre uma pequena dose de loucura, e arrisque!
segunda-feira, 23 de março de 2009
World Press Photo of the Year: 1994
Rwanda, Junho de 1994.
Autor: James Nachtwey
World Press Photo of the Year: 1994
Esta fotografia foi tirada no contexto de um acontecimento tão trágico e tão dramático como foi o genocídio do Rwanda. Para uma ideia mais clara e objectiva daquilo que foi este conflito, sugiro a visualização de um excelente filme-documentário: "Hotel Rwanda".
Nesta fotografia podemos ver um jovem Hutu, suspeito de simpatizar com os rebeldes Tutsis, mutilado pela milícia Hutu "Interahamwe".
O autor desta fotografia, James Nachtwey, diz-nos que a sua especialidade são as realidades dotadas de uma dimensão eminentemente humana. Segundo ele, as pessoas precisam da fotografia para entenderem o que se está a passar pelo mundo fora, e acredita que a fotografia tem uma enorme influência na moldagem da opinião pública e na mobilização da contestação socialmente responsável.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Está na hora de "reciclar"!
Foi grande o meu espanto ao ler a ultima declaração - polémica- do Papa Bento XVI, no contexto da sua visita de sete dias ao continente africano. Segundo o Sumo Pontífice, afinal, os preservativos podem aumentar o problema da SIDA.
O que é suposto concluirmos desta afirmação?
Pretende Bento XVI sustentar que é preferível, leia-se mais segura, a não utilização de preservativo durante o acto sexual? Ou será esta uma estratégia menos directa de, mais uma vez, tentar fazer valer e afirmar os dogmas ancestrais da Igreja Católica?
Na minha modesta opinião, é esta ultima hipótese a que corresponde às pretensões e expectativas de Bento XVI.
Neste contexto, posso afirmar, sem medo, que a afirmação que dá origem e sustentação à pertinência deste artigo, nada mais é, na sua essência, do que a apologia da abstinência sexual, desde há muitos séculos pregada pelo clero.
Urge a libertação destes dogmas por parte da Igreja, que fazem dela uma Instituição cegamente vinculada a um passado já longinquo, e como tal, descontextualizada e desadequada à realidade que actualmente vivemos, cada vez mais longe daquilo que a grande maioria da sociedade espera dela, cada vez mais longe de ser útil à Humanidade.
Para quê teimar em fazer valer principios com os quais já são poucos os que concordam? Longe vão os tempos - os da Inquisição- em que as pessoas é que tinham que ir de encontro à Igreja. Actualmente, num contexto de maior "atrevimento" - fruto de níveis mais elevados de informação - em que as pessoas cada vez mais se questionam, a Igreja é que deverá ir de encontro às comunidades - às suas expectativas e necessidades- actuando com elas não desconcertada, mas concertadamente, conduzindo as pessoas a partilhar os seus princípios e valores, promovendo, desse modo, sinergias.
Vossa Santidade Bento XVI, talvez esteja na hora de "reciclar"...digo eu....
Fonte: Bento XVI: Preservativos «podem aumentar» o problema da sida (Publico.pt)
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